cover
Tocando Agora:

Mosquitos com bactéria que impede a proliferação de vírus da dengue, da zika e da chikungunya devem ser soltos em Goiás

Chikungunya, doença causada pelo mosquito Aedes aegypti, causa a quarta morte em Tupã Banco de Dados/Reprodução A Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunci...

Mosquitos com bactéria que impede a proliferação de vírus da dengue, da zika e da chikungunya devem ser soltos em Goiás
Mosquitos com bactéria que impede a proliferação de vírus da dengue, da zika e da chikungunya devem ser soltos em Goiás (Foto: Reprodução)

Chikungunya, doença causada pelo mosquito Aedes aegypti, causa a quarta morte em Tupã Banco de Dados/Reprodução A Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou a implantação do método Wolbachia nos municípios de Valparaíso de Goiás e Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Segundo o órgão, a estratégia consiste na soltura de mosquitos com uma bactéria que impede a proliferação do vírus da dengue, da zika e da chikungunya (entenda como funciona abaixo). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o método utilizada “mosquitos desinfequitantes”. Em 2022, a agência concedeu autorização excepcional para a implementação do método no Brasil por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A empresa Wolbito do Brasil, explica que os mosquitos utilizados no método são chamados de Wolbitos. Os insetos são nada mais do que mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impende o desenvolvimento dos vírus das arboviroses no organismo dos insetos. “Quando os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os mosquitos locais, transmitem a bactéria para seus filhotes. Com o tempo, a maioria dos mosquitos da região passa a ter Wolbachia — reduzindo significativamente a transmissão dos vírus”, explica a Wolbito do Brasil. Segundo a SES, Goiás já notificou 123.218 casos de dengue em 2025, dos quais 72.331 foram confirmados. Além disso, o estado tem 53 mortes confirmadas e 79 em investigação. Luziânia e Valparaíso De acordo com informações da secretaria, a estratégia será adotada nos municípios de Luziânia e Valparaíso a partir do segundo semestre. Sobre a escolha das cidades, a assessoria explica que questões epidemiológicas e pela proximidade com o polo de produção. “Foi avaliada a questão dos municípios com alta incidência para dengue, chikungunya e zika e a questão da proximidade com Brasília, onde fica o núcleo regional de produção”, explica Riva Kran. Segundo ela, a biofábrica fica no Paraná e Brasília tem um entreposto de distribuição. Mais detalhes sobre a soltura dos mosquitos serão alinhados entre as prefeituras, mas a empresa diz realizar uma série de ações informativas e educativas em escolas e unidades de saúde antes da liberação da soltura. Como funciona? O método Wolbachia foi implementado no Brasil de forma experimental pela primeira vez em 2015, de acordo com o Ministério da Saúde. A estratégia está presente no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). A empresa responsável pela aplicação do método explica que o método é seguro, natural e não envolve modificação genética. Segundo a Wolbito Brasil, a bactéria Wolbachia está presente naturalmente em 60% dos insetos do planeta. “Essa bactéria é muito comum em mosquitos, mas nunca foi encontrada no Aedes aegypt. Foi um processo de inserção da Wolbachia no ovo do Aedes, na Austrália. Com isso, o Brasil importou ovos do mosquito com a Wolbachia e a gente fez vários cruzamentos para transferir essa bactéria para uma linhagem brasileira,” explica Luciano Moreira, CEO da Wolbito Brasil. O método de aplicação deve ser alinhado a outras estratégias de combate à doença e é aplicado em seis etapas: 1ª etapa: Planejamento da operação 2ª etapa: Criação dos mosquitos 3ª etapa: Campanhas de conscientização sobre o método 4ª etapa: Liberação dos Wolbitos no município 5ª etapa: Monitoramento do estabelecimento da Wolbachia na localidade 6ª etapa: Análise epidemiológica para verificação dos números pós-liberação Segundo a empresa, as solturas devem ocorrer semanalmente. A expectativa é que, ao longo dos meses, a presença da bactéria aumente de forma natural e estável na cidade. A Wolbito do Brasil destaca ainda que os mosquitos não são modificados geneticamente, que o método é autossustentável e que não traz risco à população ou ao meio ambiente.